sábado, 24 de janeiro de 2009

Sustentabilidade na mira dos empresários

Embora pareça uma tendência ditada por intelectuais do ramo da administração ou da sociologia com vistas a promover o marketing verde como mais um nicho de mercado, a sustentabilidade é uma arte que tem ganhado terreno e demonstrado verdadeiras inovações no campo dos negócios. Ser sustentável é tarefa que exige de qualquer instituição um olhar atento e multidisciplinar ao processo global. Significa desenvolver estratégias que direcionem, ao mesmo tempo, atenção para os setores sociais, econômicos e ambientais.
Nos últimos 15 anos, grandes eventos do movimento ecológico aliados à crescente onda de catástrofes naturais chamaram a atenção de consumidores e empreendedores, mostrando que a produção industrial desenfreada traz impactos que afetam a natureza e o homem diretamente. A partir daí, muitas empresas, pressionadas pelo aumento da conscientização global, foram obrigadas as rever seus conceitos.
Novos critérios legais, padrões éticos e de qualidade, selos verdes e outras normatizações foram concebidos para aumentar e manter o nível de exigência do consumidor em relação a produtos e serviços. A importância do cuidado ambiental para empresas, portanto, dirige-se à associação dos processos produtivos com a qualidade de vida das pessoas, sejam elas funcionários, clientes, vizinhos, parceiros. Isso requer dos gestores planejamento adequado prevendo os impactos e conseqüências que seu trabalho gera. Por mais agressivos e impactantes que sejam, podem e devem ser repensados, adequando-os a uma realidade tolerável e prevendo as compensações necessárias.
Lara Ely é jornalista e especialista em Gestão da Qualidade Ambiental.
www.direcione.com.br

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sua roupa agride a natureza?

Tecidos orgânicos, corantes inofensivos e técnicas que protegem o meio ambiente começam a emplacar na linha de produção

As marcas líderes de roupas ecológicas tiveram um crescimento de 70% nas vendas em 2006. Esse é o resultado de uma pesquisa feita no Reino Unido e divulgada pelo jornal Daily Telegraph. O que nós temos com isso? Muito. A indústria têxtil está entre as quatro que mais consomem recursos naturais, como água e combustíveis fósseis, de acordo com o Environmental Protection Agency, órgão americano que monitora a emissão de poluentes no mundo. Somente a cultura de algodão é responsável por cerca de 30% da utilização de pesticidas na Terra, contaminando o solo e os rios. Ou seja, a busca por matérias-primas alternativas e renováveis é hoje um dos principais desafios do setor. E está mais do que na hora de o Brasil - e nós, consumidoras brasileiras - entrar para valer nessa moda verde. O bom é que já tem gente daqui fazendo bonito.
A grife brasileira Osklen, do Rio de Janeiro, desde sua criação, em 1989, experimenta novos usos para materiais já conhecidos. No momento, a marca desenvolve uma sandália de dedo feita de PVC reciclado e também uma sacola de juta que levará dois anos para se degradar no meio ambiente - tremenda conquista, se comparada aos 100 anos necessários, no mínimo, para a degradação natural de uma sacola plástica.


IMPACTO NO BOLSO
Por enquanto, é preciso mais do que consciência ambiental para optar pela moda ecológica. Devido à escala de produção pequena e à oferta inconstante de matéria-prima, boa parte desses produtos é cara. Uma camiseta de algodão feita de tecido orgânico, por exemplo, custa três vezes mais do que uma produzida pelos métodos tradicionais. Mas algumas iniciativas começam a mudar esse panorama.
Desde o ano passado, parceria entre Hanesbrands, dona da marca Zorba no Brasil, a rede varejista Wal-Mart e a Embrapa permite a fabricação de roupas sustentáveis a preços populares. São camisetas, calcinhas, cuecas e bodies para bebês confeccionados com algodão cru ou orgânico, além de outras fibras, como o bambu. "O Brasil ainda não tem auto-suficiência em produção de algodão orgânico", explica Adriana Ramalho, diretora de desenvolvimento do Wal-Mart. "Por isso, buscamos fibras alternativas. A estratégia é colaborar com a produção e o desenvolvimento de novas tecnologias e manter o preço acessível para ganhar em escala. Assim, tentamos romper com o padrão de que a roupa ecologicamente correta precisa custar mais."
Com o crescente interesse do público - a cueca de fibra de bambu vendeu 20% acima da expectativa -, a empresa promete novidades com outras fibras em estudo, como o milho e a soja. "É uma tendência ligada à democratização da moda e à consciência ambiental. A camiseta mais vendida da linha é a que traz o símbolo da reciclagem. Isso mostra que as pessoas querem ser vistas como antenadas, já que ser sustentável está na moda", diz Milena Rossi, coordenadora de estilo do Wal-Mart.
No caso do bambu, que também substitui o algodão em 26 modelos da coleção da marca carioca Redley, as vantagens ambientais são evidentes: uma plantação de pinus leva sete anos para produzir 3 mil árvores; já o bambu precisa de três anos para produzir 10 mil árvores no mesmo espaço, ainda dispensa o uso de pesticidas, não causa erosão e só requer água para crescer. Mas os especialistas alertam: nem sempre as roupas feitas de fibras alternativas podem ser consideradas "produtos sustentáveis". Se o cultivo implicar a derrubada de florestas, envolver mão-de-obra infantil, exploração de trabalhadores rurais ou exigir muito combustível no transporte, os danos ambientais e sociais anulam os benefícios. Por isso, informação é fundamental para quem quer comprar produtos ecológicos. "Com o tempo", prevê Beatriz Saldanha, uma das fundadoras do Partido Verde no Brasil, "o consumidor exigirá que os dados de procedência e produção estejam à vista, como já acontece com alguns produtos alimentícios estrangeiros."
Ao lado do sócio, João Fortes, Beatriz desenvolveu, há 17 anos, a técnica para a fabricação do Treetap®, o couro vegetal, feito com tecido 100% algodão banhado em borracha extraída da seringueira nativa e vulcanizada em estufas especiais. Foi preciso investir 1 milhão de dólares e alguns anos de pesquisa para criar um material bonito, durável e que viabilizasse o sustento e a permanência das famílias de seringueiros na Amazônia. "Eles são os guardiões da floresta. Como vivem do manejo sustentável da região, sua presença é garantia de que não haverá desmatamento", explica Beatriz. Hoje, a Treetap® virou nome do negócio e emprega 50 famílias. Já foi premiada pelo Banco Mundial e pela Fundação Getulio Vargas e pretende expandir sua atuação este ano, vendendo matéria-prima para outras marcas.


GENTE GRANDE
Na maior empresa de vestuário do Brasil, a Hering, as questões ambientais chegaram à linha de produção. Marcelo Toledo, gerente da área de desenvolvimento de estamparia, diz que a empresa fica atenta aos detalhes no processo de fabricação. Muitos corantes pretos, por exemplo, deixam resíduos de enxofre na água, dificultando a limpeza dos efluentes. Preferimos pagar mais caro e utilizar um corante preto mais seguro", revela Marcelo. Na marca infantil da Hering, a PUC, há uma linha "rústica", que não emprega corantes e usa o mínimo de produtos químicos e alvejantes. Agora, a empresa estuda limpar e amaciar o algodão com argila. O tratamento dos jeans, lavados com cloro e outros produtos agressivos para o meio ambiente, também poderá passar por mudanças. Empresas menores, a pedido da Hering, já produzem parte dos jeans com desbotamento por gás ozônio. "A idéia é repassar os novos conhecimentos para outras linhas da empresa", afirma Marcelo.Na hora de comprar, informe-se sobre a procedência dos produtos e deixe clara sua preferência pelos sustentáveis. Se uma indústria utiliza mão-de-obra infantil ou polui os rios, boicote seus produtos. Exercer seu poder de consumidora é uma ótima forma de pressionar os fabricantes a adotar tecnologias que não agridam o meio ambiente e a sociedade.


GUARDA-ROUPA VERDE
Planeje antes de comprarNada de compra por impulso. Você gasta dinheiro, perde espaço no armário e causa impacto ambiental pela fabricação e transporte das mercadorias.
Evite a lavagem a secoMáquinas de lavar a seco usam tetracloroetileno, substância cancerígena. Procure o wet cleaning ou CO2 líquido. Muitas peças que antes eram lavadas a seco já podem ser lavadas à mão, especialmente de seda, lã e linho; olhe a etiqueta.
Lave bemPara economizar energia, água e sabão, junte bastante roupa antes de ligar a máquina. Escolha sabão e tira-manchas biodegradáveis e livres de fosfato. Ao comprar lavadora e ferro, verifique se o produto tem o selo Procel de Economia de Energia Elétrica.
Diga sim aos brechósE a bazares, feirinhas e até trocas entre amigas: são ótimas pedidas.
Vista orgânicos com seloPrefira sempre as roupas confeccionadas com tecidos orgânicos que possuam selo de autenticação.
Encontre nova utilidadeReinvente o uso de roupas e acessórios antigos. Seu armário guarda peças com potencial fashion. Para ajustes, vá à costureira. Doe o que não usa mais.
Escolha roupas "éticas"Várias empresas aumentam os lucros com práticas ilegais e antiéticas, como o subemprego. Saiba como atuam os fabricantes de suas roupas. Valorize os que respeitam o meio ambiente e a sociedade.

Invista em peças artesanaisApóie iniciativas de artesãos que criam com base em reciclados.
Fontes Portal TreeHugger [www.treehugger.com] e Instituto Akatu [www.akatu.org.br].
Veja também o Manaul de Etiqueta do Planeta Sustentável
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As marcas líderes de roupas ecológicas tiveram um crescimento de 70% nas vendas em 2006. Esse é o resultado de uma pesquisa feita no Reino Unido e divulgada pelo jornal Daily Telegraph. O que nós temos com isso? Muito. A indústria têxtil está entre as quatro que mais consomem recursos naturais, como água e combustíveis fósseis, de acordo com o Environmental Protection Agency, órgão americano que monitora a emissão de poluentes no mundo. Somente a cultura de algodão é responsável por cerca de 30% da utilização de pesticidas na Terra, contaminando o solo e os rios. Ou seja, a busca por matérias-primas alternativas e renováveis é hoje um dos principais desafios do setor. E está mais do que na hora de o Brasil - e nós, consumidoras brasileiras - entrar para valer nessa moda verde. O bom é que já tem gente daqui fazendo bonito.
Por: Cristiane Ballerini
Revista Claudia

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Greenhouse abre suas portas sustentáveis em Nova York

Recentemente inaugurada em Nova York, a Greenhouse apresenta-se como a primeira casa noturna ecologicamente correta da cidade. O clube, que tem 6.000 metros quadrados e inclui boate, lounge e espaço para eventos, prepara-se para receber o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) concedido pelo United States Green Buildings Council, por sua construção e design ecologicamente conscientes.Localizada no SoHo, a Greenhouse foi inteiramente construída com materiais reciclados ou recicláveis, incluindo madeira proveniente de florestas com gestão voltada para a manutenção do ecossistema, chão e paredes revestidos de bambu, teto decorado com mais de 5.000 pendentes de vidro reciclado, sistema para reduzir o gasto de água nos banheiros, eletricidade gerada por energia eólica e decoração com oito variedades de folhas naturais criando um clima silvestre. Além disso, diversos produtos de marcas ecológicas são utilizados no local, alguns deles especialmente desenvolvidos em parceria com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
“A postura conservacionista tem se tornado um estilo de vida para muitas pessoas, principalmente para os nova-iorquinos,” diz Jon B., proprietário da Greenhouse. “Estamos orgulhosos por sermos os primeiros a criar um espaço de eventos que se integrará à vida noturna com iniciativas positivas relacionadas a preocupações globais e esperamos que eventualmente outros sejam encorajados a seguir nossos passos.”
Assumindo um compromisso com a conscientização, o clube dedica-se ao apoio a entidades preocupadas com a preservação do planeta e prevê a organização de um grande volume de eventos a favor de causas correlatas.


Fonte: http://www.limonada-biz.com.br/noticias/noticia.asp?id=352